AS BOAS PRÁTICAS DA GOVERNANÇA CORPORATIVA NA EMPRESA FAMILIAR

Qual é o segredo da gestão de organizações familiares? Como resolver as questões geradas pelos conflitos entre gerações? Como lidar com as crises ocasionadas pela sucessão? Como distribuir as atividades e responsabilidades?
Apesar de tais questões serem extensamente discutidas e estudadas, observa-se que ainda refletem a realidade de muitas empresas familiares, principalmente daquelas de pequeno e médio porte, que, por muitas vezes, não contam com recursos e/ou estrutura suficientes para estabelecer um Sistema de Governança Corporativa (SGC).
De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), o Sistema de Governança Corporativa tem como propósito dirigir as ações das empresas, monitorar os resultados alcançados e intermediar as questões e conflitos que envolvem os relacionamentos entre sócios, o conselho de administração, a diretoria, os órgãos de fiscalização e controle e as demais partes interessadas.
Para tanto, o SGC deve ser construído com base nos seguintes princípios:
• Transparência: consiste na disponibilização das informações relevantes para as partes interessadas (stakeholders), ou seja, a organização não se restringe às informações impostas por leis ou regulamentos, mas disponibiliza todo o conteúdo que seja relevante;
• Equidade: refere-se ao tratamento justo e igualitário de todos os sócios e demais partes interessadas levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas. No caso das empresas de pequeno e médio porte, tal principio pode ser seguido pela definição formal das atividades a serem executadas por cada uma das partes e de suas respectivas responsabilidades, por meio de ferramentas como organogramas, matrizes de atribuição e descrições de cargos;
• Prestação de contas: como o nome elucida, trata-se a prestação de contas de uma forma clara, concisa, compreensível e apropriada, processo que exige dos envolvidos a responsabilidade direta pelas consequências de seus atos e uma atuação sensata dentro das atribuições previamente definidas. Quando uma organização cria uma sistemática de trabalho que permite monitorar e avaliar constantemente os principais indicadores de desempenho de cada área/departamento, o processo de prestação de contas torna-se mais ágil e objetivo, visto que os resultados são apresentados por seus responsáveis diretos e a análise acaba por aproximar todas as áreas da empresa no planejamento de ações para sanar os possíveis desvios;
• Responsabilidade corporativa: trata-se do zelo pela viabilidade econômico-financeira da empresa, a fim de minimizar as externalidades negativas das operações e do negócio e amplificar as positivas, considerando os diversos capitais (financeiro, intelectual, humano, social, ambiental, reputacional etc.) tanto no curto, como no médio e longo prazos. É importante compreender que uma boa estrutura financeira garante a longevidade do negócio, mas seu papel social, sua retribuição à comunidade e sua inserção em questões referentes a sustentabilidade também devem ser consideradas.
Buscando operacionalizar tais princípios no contexto das empresas familiares, deve-se primeiramente definir com clareza os objetivos da organização e estabelecer as atribuições de cada pessoa envolvida na gestão para alcança-los. Além disso, é necessário definir quais são os resultados e indicadores de desempenho relevantes para cada setor a fim de atingir o objetivo macro da organização, e os mecanismos de controle dos resultados obtidos (reuniões constantes, planejamento e reavaliação).
Neste contexto, e considerando as limitações de tais organizações, a compreensão dos princípios básicos de um Sistema de Governança Corporativa (SGC) pode auxiliar as empresas familiares a encontrarem meios para estabelecer controles mais consistentes e caminhar em direção à uma gestão mais profissionalizada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORTATIVA. Princípios básicos. Disponível em: <http://www.ibgc.org.br>. Acesso em: 15/07/2018.