COMO O AGRONEGÓCIO FAMILIAR DEVE SE COMPORTAR PERANTE A DIVERSIDADE ORGANIZACIONAL?

Se existe uma questão que tem roubado a cena nos últimos tempos, esta questão é a diversidade! O tema tem dividido opiniões, justamente por haver ainda pouco debate sobre a questão. Nossa discussão aqui visa gerar reflexões para os proprietários, gestores e demais trabalhadores do agronegócio familiar.
Observa-se que nas mais criativas e bem posicionadas empresas, ao redor do globo, a questão da diversidade vem ganhando cada vez mais espaço como um fator crítico para a inovação e oxigenação das práticas gerenciais. Isto porque, no âmbito empresarial, a diversidade vai muito além da mera inclusão de minorias ou o preenchimento de cotas no quadro funcional da organização.
Ainda que, à primeira vista, a diversidade possa dar a falsa impressão de conflitos de ideias e pensamentos, as experiências de multinacionais e importantes empresas brasileiras com a gestão de equipes diversas têm demonstrado que os seus negócios adquirem valor social para suas marcas, para além de competitividade com a adoção destas políticas. Pessoas com diferentes habilidades, vivências, perspectivas, crenças, cores, tamanhos, gêneros, orientações sexuais e idades interagem e colocam em ação suas competências aplicadas ao trabalho e articulam seus diferentes olhares para a produção de frutos positivos para o negócio e também para todos os envolvidos nos processos de trabalho.
De forma muito simples, o que acontece é que “com mais olhos” é possível enxergar muito mais além. Um médico, por exemplo, não é capaz de executar com sucesso uma cirurgia se tiver em mãos apenas bisturis. Da mesma forma, um negócio, para ser bem gerido, necessita mais que apenas olhares homogêneos que não debatem, não questionam, não agregam ao que já se é conhecido e já se é feito, por vezes, de forma simplesmente automática.
A falta de diversidade cria uma cultura organizacional etnocêntrica, ou seja, os membros da organização passam a acreditar que o modo de agir homogêneo e padronizado da empresa é “o jeito certo de fazer as coisas”, impedindo que novas ideias sejam colocadas em prática, que novos métodos de gestão sejam implementados, restringindo o crescimento da organização e fazendo com que ela desenvolva uma visão míope perante as ações da concorrência e uma postura atrasada perante a sociedade.
A diversidade de pessoas nas empresas, além de trazer benefícios diretos para o negócio, beneficia também toda a sociedade, empregando pessoas que não se enquadram nos padrões estéticos e comportamentais tidos como “ideais” por parte da sociedade, ainda bastante conservadora e, até mesmo, preconceituosa.
A cor da pele de alguém, a sua região geográfica de origem, a sua pouca ou avançada idade, o seu gênero, a forma como seus cromossomos se organizam, as suas relações afetivas, por exemplo, não são aspectos que as desqualificam, de nenhuma maneira, enquanto trabalhadores. Muito pelo contrário, são, justamente, as suas histórias de vida, as suas superações, os seus anseios pessoais, as suas garras que fazem com que estas pessoas sejam tão incrivelmente únicas. Tão incrivelmente diferentes. Tão incrivelmente humanas, como todos os demais também o são.
Mas você, leitor, pode estar se perguntando: “Mas isso não é só para quem já é grande no agronegócio?”.
A resposta depende daquilo que você pensa para o seu negócio. Não é por ser, em alguns casos, ainda pequena ou jovem no mercado que uma organização não pode firmar bem a sua base e construir uma marca que esteja de acordo com os ideais e os valores que são significativos para nós e para a sociedade. Mesmo porque, as empresas familiares são reflexo direto daqueles que as compõem, os seus fundadores idealizadores.
Cabe, assim, a você empreendedor, proprietário ou gestor de um agronegócio familiar, se questionar: como eu quero me posicionar diante deste mercado cada vez mais dinâmico, antenado e moderno? Qual a marca que minha empresa vai deixar na sociedade e na história? Pelo quê queremos ser lembrados?
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