METAS X PROPÓSITO

Atualmente a grande maioria das empresas do agronegócio familiar está impregnada de um instrumento gerencial chamado META, podendo se apresentar diversas formas conforme o objetivo almejado: para atingimento de faturamento, redução de custos, aumento dos lucros etc.

A própria legislação brasileira consolidou esta ferramenta com o PLR – Participação nos Lucros e Resultados, valores que são pagos aos funcionários quando atingem suas metas e sem pagamento de tributos previdenciários ou incorporação nos salários.

Embora sejam uma espécie de reforço positivo para premiar o comportamento adequado do empregado, muitas vezes, as metas, ou melhor, o NÃO ALCANCE delas transforma-se num instrumento de avaliação e punição dos empregados, causando terror e amedrontamento. Quem já não entrou em desespero pelo simples fato de não estar conseguindo cumprir as metas estabelecidas pela organização? Ou, como cliente, já não se defrontou, no final do mês, com um funcionário persuasivo e insistente para fechar uma venda e assim “bater” a meta que lhe foi atribuída?

Uma meta numérica leva ao imediatismo temporal de seu cumprimento, causando distorções que, em muitas situações, comprometem a relação da empresa com seus clientes, na medida em que eles percebem nitidamente que estão sendo procurados somente para o atingimento de metas por parte da empresa. Muitos funcionários, pressionados e com medo de perder o emprego, chegam ao cúmulo de pedir explicitamente aos clientes para serem ajudados!

Este arranjo dos negócios baseado essencialmente em metas por recompensa e castigo, leva necessariamente a um imediatismo de resultados de curto prazo, gerando uma falta de comprometimento tanto dos colaboradores, como dos clientes, distorcendo as relações saudáveis que deveriam existir.

De modo algum estamos dizendo que o agronegócio familiar não deva estabelecer metas e objetivos a serem perseguidos e alcançados! A mensuração e quantificação de objetivos e metas são aspectos fundamentais para nortear qualquer tipo de organização – até por que o que não é medido, não pode ser controlado – mas, é fundamental para a saúde da própria organização, evitar que as metas sejam um fim em si mesmo.

Muitos confundem meta com objetivo e planejamento, esquecendo-se dos aspectos básicos da boa administração. Nesse sentido, considero o termo PROPÓSITO, como mais adequado para dar sentido às ações gerenciais que ligam o presente ao futuro de qualquer empresa.

O uso exagerado de meta para premiação e punição nas empresas consegue esconder e escamotear a ausência de propósito, disseminando nas empresas uma sensação robótica de cumprimento de metas de curto prazo como sendo este o objetivo empresarial primordial.

O que funciona de modo sustentável é a associação entre PROPÓSITO e META alinhando o dia a dia (curto prazo) com o planejamento estratégico de longo prazo a fim de que se realize a visão de futuro da organização.

Esse modo de gerenciar contribuí diretamente para o incremento da profissionalização do agronegócio familiar e, de quebra, para a integração de todos os membros da organização, estimulando a criatividade, fomentando iniciativas empreendedoras e trazendo de volta a paixão para dentro do ambiente de trabalho; o que por sua vez, gera muito mais sinergia nas relações com os clientes.

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