GESTÃO E PROCESSOS QUALIFICADOS NA EMPRESA FAMILIAR: O SETOR FLORESTAL E A DEMANDA GLOBAL

Conforme IBGE (2017) hoje cerca de 90% das empresas brasileiras são familiares. Negócios que iniciam com formatos diferentes, surgindo com representantes nos perfis empreendedores clássicos e variados, como o independente, o consequente e o interno.
Dentro desse amplo universo de organizações e empreendedores, o agronegócio apresenta percentuais muito aproximados aos 90% estudados pelo IBGE, pois, quando não dirigidos por integrantes da família, a empresa teve no período de sua fundação o envolvimento direto desses.
O agronegócio brasileiro emprega mais de 18,05 milhões de pessoas, que devem, conforme o Centro de Estudo Avançados em Economia Aplicada da ESALQ, contribuir com um crescimento de 0,9% no PIB. Apesar da variação negativa na pesquisa Agro, entre 2006 e 2017, com uma retração de 3,9%.
O setor passa por uma forte revolução, sendo empregado no país alta tecnologia, incluindo aí a biotecnologia e uma crescente demanda internacional por produtos certificados quanto a sua procedência e contribuição ambiental, o que impõe qualificação ainda maior nos envolvidos.
As estatísticas e resultados do agronegócio brasileiro empurram os empreendimentos e negócios familiares a uma mudança também rápida no perfil de seus atores em função do nível de exigência técnica para lidar com o incremento da inovação e com processos de gestão globais.
Nesse sentido, é fundamental que os gestores familiares tenham não só a qualificação e a experiência necessária para conduzir a organização para o crescimento, como também passem a investir fortemente na qualificação da família e da equipe.
É o que acontece nos empreendimentos voltados à indústria da madeira, por exemplo.
Observa-se que a demanda da madeira de pinus e eucalipto (celulose, painéis, madeira serrada) vem crescendo nos últimos anos, conforme indica o Forest To Market do Brazil (F2M) e que o Brasil possui 69% das florestas certificadas, conforme Associação Brasileira da Árvore (ABA) informou ainda em 2018.
No entanto, apesar desse cenário promissor, mais de 90% dos produtores e beneficiadores da indústria da madeira são eminentemente familiares e precisam obrigatoriamente profissionalizar a gestão de suas propriedades afim de não sucumbirem perante à concorrência global.
Vender para os maiores consumidores de madeira (EUA, UE e China) requer qualificação, domínio de idiomas, relacionamento com trades e operadores logísticos internacionais. Não há espaço para amadorismo.
Contudo, aos relutantes à mudança resta o arrendamento de suas propriedades para organizações profissionalizadas e competitivas, saindo da produção e sustentando a família, exclusivamente pela exploração do patrimônio e não da produção.
Gostou do texto? Curta!
O conteúdo foi útil? Compartilhe!