FINANCIAMENTO EMPRESARIAL

Após 2 anos de recessão, o Brasil volta a demonstrar sinais de melhora da economia. Nosso aspecto macro justifica o otimismo: Juros baixos e inflação controlada são fatores que contribuem para que a engrenagem das empresas, governo e famílias voltem a funcionar. No micro, observa-se que as empresas voltam aos seus investimentos e buscam retomar projetos delineados em um melhor cenário.
As empresas familiares, por sua vez, têm a oportunidade de retomar o crescimento de suas receitas após anos na busca apenas de controlar os custos. Para aquelas, a expansão da economia soa como um respiro nas contas e a chance de desengavetar projetos de expansão que haviam sido planejados antes da grave crise.
Essa expansão surge na redução dos juros estruturais (medido pela Selic) e a retomada do crédito para as empresas. Nos últimos anos, o crédito teve seu acesso dificultado por dois fatores: rigor na avaliação das garantias (reais, de preferência) e aumento dos juros cobrados ao tomador. Neste novo momento de aumento de crédito, cabe aos gestores das empresas familiares o filtro de qual forma de alavancagem é a melhor para o seu negócio.
Para expansão da cadeia produtiva, de maquinário ou abertura de lojas, entende-se que o gestor deve optar por operações de dívida mais longas, permitindo que o negócio gere receita e amortize a dívida aos poucos. É um ponto simples, mas que grande parte das empresas familiares se esquece e acaba corroendo suas receitas com o pagamento de dívida aos bancos.
Aos gestores cabe a ideia: Qual o prazo para que meu projeto gere resultado e qual a melhor forma de financiamento?
Ao responder esta pergunta, a empresa eliminará em 90% os riscos de errar no crédito tomado. Uma lista pode ajudar na definição:
– Necessidade de curtíssimo prazo (Hot money e créditos rápidos): Recursos que serão utilizados no giro diário da empresa, como pequenos pagamentos e ajustes emergências.
– Necessidade de curto prazo (Capital de giro e antecipação de recebíveis): A definição contábil é de até um ano, ou seja, capital para o giro da empresa, pagamento de fornecedores, funcionários e pequenas obras.
– Necessidade de médio prazo (Leasing, créditos produtivos, linhas de comércio exterior): Pode-se colocar neste ponto a utilização do recurso entre 1 a 3 anos, cuja destinação é a troca de maquinário ou obras que são de grande importância para aumento de produção.
– Necessidade de longo prazo (Imobiliário, BNDES, Finame e outras linhas com estímulo governamental): Esta última tem um viés mais importante nas empresas, já que concentrarão os investimentos “pesados” que foram delineados na estratégia de negócio para o futuro. Aqui estão concentradas as obras para nova abertura de fábricas, compras de outras empresas e máquinas de produção.
Há, também, outras formas de financiamento para o negócio que não sejam a alavancagem através de financiamento bancário. As empresas familiares podem optar por modelos de franquia para expandir os negócios para outras regiões. Para empresas mais “complexas” e “maduras”, cabe observar projetos de fusão e aquisição, ou até mesmo um IPO (Initial Public Offering, ou Oferta Pública Inicial). Tudo depende de como o gestor da empresa enxerga o seu negócio e o mercado para os próximos anos.
Depender do financiamento de bancos e financeiras pode ser arriscado em um mercado como o brasileiro. Enquanto países desenvolvidos possuem juros mais baixos (comparados aos nossos), temos no Brasil a incerteza econômica, política e fiscal. É preciso que as empresas familiares entendam a necessidade de reinvestir parte dos lucros no próprio negócio, criando uma forma de “seguro” contra choques na economia.
Logo, com a economia em retomada (ainda de olho nas reformas fiscais a serem aprovadas) e mercado aquecido, as empresas familiares podem reanimar projetos que ficaram guardados à espera do término da tempestade. Aos gestores, fica a ideia de observar quais projetos podem ser restaurados no momento e qual a melhor forma de financia-los. Planejamento é o coração da empresa e cabe aos seus líderes e herdeiros segui-lo da melhor maneira e ajustar as necessidades emergenciais, de crescimento e expansão com a alavancagem sustentável.
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