Agronegócios familiares e um olhar para o desenvolvimento territorial local

Num mundo globalizado, tratarmos de temas locais é no mínimo intrigante, principalmente se, neste cenário, olharmos o agronegócio familiar como uma questão plural, não somente como um negócio individual na ordem do “eu produzo, eu vendo, eu ganho”. Para desmistificar, tentaremos explanar sobre outra proposta, uma possibilidade de união de forças, de variedades, de conhecimentos diversos num conceito de arranjos produtivos locais.
Pensarmos no resgate de vínculos com o “local”, num mundo globalizado, é darmos mais atenção ao território, o lugar de todos, porém com funcionalidades diferentes, onde a conectividade pode criar novas oportunidades. Ao buscarmos o conhecimento (de produzir e comercializar) de cada um, num contexto coletivo, econômico e ambiental, é possível que alcancemos desenvolvimento local, regional, nacional e até internacional, onde o retorno pode e deve ir para além do viés econômico.
Vários estudos sobre desenvolvimento localista sustentam que é importante darmos atenção às potencialidades de cada território, tais como vantagens aglomerativas de proximidade e uso de conhecimentos/aprendizagens enraizados em cada localidade. Essas potencialidades conseguem gerar mudanças positivas melhorando, por exemplo, compras e comercialização tanto de bens ou serviços, quanto de tecnologias que convertidas em mais produção, podem gerar desenvolvimento de localidades. É necessário que busquemos, cada vez mais, uma articulação harmônica entre os ciclos de produção dos negócios e nossos parceiros, como fornecedores, bancos, órgãos de governo e sociedade em geral.
Atualmente, mesmo os nossos concorrentes são considerados nossos parceiros, é preciso “sairmos da caixa”, vamos pensar: posso produzir sozinho tudo que é necessário para entregar o que o mercado procura e deseja? Se a resposta for “não”, provavelmente precisamos olhar sob outra ótica nosso concorrente, que tornando um parceiro podemos ganhar em conjunto, e com o ganho há mais abrangência de imagem, credibilidade, reconhecimento, dentre outros benefícios.
Buscar as potencialidades de cada território e fazermos com que, estas, se articulem em estratégias num ambiente concorrencial, atualmente é o caminho para alcançarmos diferenciação e especialização num cenário globalizado. Projetos de desenvolvimento territorial local devem envolver planejamento e gestão, tipo botton-up (articulação entre quem for beneficiado) e top-down (articulação entre investimentos e investidores, sejam públicos, sejam privados) com o objetivo de alcançar as necessidades das localidades. É necessário, portanto, que os agronegócios familiares que se juntarem em arranjos produtivos contribuam com ações transparentes e justas; que os envolvidos entendam suas responsabilidades; o limite de suas ações; os objetivos, as metas, o controle de cada negócio articulado; e que os resultados alcançados sejam acompanhados.
O desenvolvimento e seu caráter endógeno ou local, portanto, dependerá do esforço e articulação coletiva na capacidade de valorizar, mobilizar e utilizar os recursos locais nas transformações sociais, políticas, culturais e ambientais dos territórios.
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