Quem fica com o resultado da Produção Agroecológica? Uma reflexão à luz dos princípios da economia popular solidária

A agricultura familiar é responsável por quase 70% da base alimentar do brasileiro. No entanto, a forma como esses itens chegam à mesa do consumidor não demonstra a relevância desse setor produtivo, dado que dois terços passam pelas mãos de atravessadores: os agricultores vendem a maior parte da sua produção para intermediários revendedores ou para agroindústrias, que agregam valor e distribuem os produtos. O agricultor fica invisível e seu trabalho não é valorizado como se deve.
A transição agroecológica se configura como uma oportunidade de melhorar as condições de vida e de trabalho para o agricultor, posto que permite agregar valor e tornar o processo produtivo mais independente de insumos de terceiros e menos penoso e danoso à saúde. No entanto, se o trabalhador continuar a vender sua produção pelos mesmos mercados, a situação de invisibilidade e de baixo retorno não se modifica.
Nossa experiência indica a necessidade de buscar referenciar socialmente o trabalhador. O que passa pela organização dos processos de produção e também de distribuição por outra lógica que não a de mercado.
Defendemos que as agricultoras e os agricultores devem se organizar coletivamente e tomar as decisões sobre o que e como plantar. Cooperando entre si, podem enfrentar os desafios de produzir e comercializar eles próprios, aproximando-se dos consumidores, que também são trabalhadores. Esse processo tem o potencial de melhorar o retorno do agricultor ao mesmo tempo em que promove preços mais justos de venda. Esses são os resultados, na prática, da adoção dos princípios da Economia Popular Solidária, lado a lado com os princípios da Agroecologia.
Acompanhamos coletivos que estão nesse caminhar. Os agricultores afirmam que a transição agroecológica mudou seu padrão de vida e saúde, mas que a organização coletiva foi o que permitiu que fizessem os investimentos para a diversificação da produção e a realização de trocas semanais com os consumidores. Até mesmo a agroindústria de propriedade dos trabalhadores se tornou realidade! E o reconhecimento social que recebem dos consumidores os deixam orgulhosos e nos tornam felizes por participarmos dessa construção para além dos mercados.
Quer conhecer mais essa experiência? Visite o site http://www.cieps.proexc.ufu.br/ e venha refletir conosco a realização na prática de uma sociedade mais justa, saudável e solidária!
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