Empresa familiar: quem deve ser o escolhido para cuidar do dinheiro?

O escolhido. Faz parecer que o responsável pela gestão financeira de uma empresa familiar é um messias, ou um personagem saído de um filme com temática apocalíptica. Não é pra tudo isso, mas que a pessoa certa no controle das finanças de uma empresa (e em especial as empresas familiares) é garantia de proximidade de sucesso, isso é inegável.
O escolhido precisa ter algumas competências prévias, e aí imagine-se um processo de seleção como em outra empresa qualquer. Bons recrutadores facilmente detectam aqui que para estar no cargo de gestor financeiro o mínimo de conhecimento no assunto é requerido.
Passado o crivo da seleção, é de se destacar quais são suas principais atribuições, e aqui mora o cerne do trabalho do guardião do dinheiro da empresa da família. Enumerar-se-ão as principais tarefas e suas razões:
- Rigor na anotação das entradas e saídas: esquecer de anotar nas planilhas de controle qualquer lançamento que seja pode camuflar resultados ruins ou maximizar resultados bons; sem contar que anotações precisas dão credibilidade ao escolhido.
- Apresentação mensal das informações: a transparência é fator crucial para que os familiares vejam qual foi o resultado do período (e saibam se o negócio está lucrativo e rentável ou não), onde estão alocados os recursos (onde está o dinheiro), e principalmente onde foi gasto cada centavo da empresa.
- Política bem definida do lucro líquido: o grande pulo do gato é definir em ata o que se fará com o lucro da empresa, de modo a evitar distribuir todo dinheiro aos sócios. É orientado que o lucro líquido tenha três destinações, a combinar suas frações: reinvestimento, reserva de emergência e por fim distribuição aos sócios.
- Controle rigoroso do pró-labore definido: uma vez definido o pró-labore, o gestor financeiro tem o poder e o dever de falar “não” toda vez que um familiar solicitar um adicional para pagar uma conta particular extraordinária. Se assim o fizer, todos se verão no direito de pleitear dividendos extras.
- Contas bancárias separadas: reforçando o item anterior, a empresa e seus donos não podem ter movimentações dentro da mesma conta bancária. O nome técnico disso é confusão patrimonial, e o nome não técnico disso é bagunça total.
Pode parecer um tanto quanto rigoroso demais, mas as práticas sugeridas nesse roteiro, uma vez incorporadas à cultura da empresa, ajudam a manter a ordem e a disciplina no trato com o dinheiro. Tais práticas, inclusive, são essenciais ao olhar estratégico da empresa, com vistas às tomadas de decisões, que passam a ser muito mais assertivas.
O leitor mais exigente talvez pergunte: mas essas práticas imunizam a empresa familiar do fracasso? Imunidade ao fracasso certamente não existe, mas a distância para o sucesso fica cada vez menor.
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