Aplicação de modelos de processos de negócio em soluções para gerenciamento de conhecimento no processo de desenvolvimento de produto

As empresas modernas cada vez mais enfrentam um ambiente dinâmico, convivendo com altas taxas de inovação tecnológica e um elevado nível de competitividade. Para enfrentar estes desafios, é necessário que mantenham permanente mudança e aprimoramento. Desde a forma como realizam seus negócios (modelos de negócios), os procedimentos e modelos de processo utilizados e, também, num nível mais detalhado, garantindo que seus colaboradores estejam continuamente desenvolvendo suas habilidades e competências. Enfim, deve-se garantir que as empresas sejam dinâmicas o suficiente para aprimorar e aprender continuamente, conforme a evolução tecnológica e cultural no seu ramo de atividade.
Para promover e atingir o conceito de empresa que aprende, ou Learning Organization, essas empresas criam um conjunto de atividades dedicadas a garantir e incentivar a criação, registro e compartilhamento do conhecimento, a denominada Gestão do Conhecimento (GC).
Um outro artifício é a criação de modelo de processo de negócio, que utiliza uma forma de representação que mapeia as atividades, informações, responsabilidades organizacionais e recursos envolvidos no processo de negócio. Esse modelo de processo de negócio visa proporcionar uma visão integrada e concisa da empresa, auxiliando seu gerenciamento e processos de mudança operacional constituindo um conjunto de conhecimentos interrelacionados acerca do processo de desenvolvimento de produto. Apesar desses modelos constituírem uma boa forma de representação, a eficiência de sua utilização pode ser comprometida devido às dificuldades de acesso, de compartilhamento de informações entre os usuários e na atualização dos modelos.
A criação do conhecimento basicamente consiste em transformar o conhecimento tácito, que é inerente a pessoa, em conhecimento explícito, que é capaz de ser verbalizado. Para promover este ciclo (Gestão de conhecimento) e garantir o aumento de conectividade entre as pessoas, é necessário que estas conversem umas com as outras (chamado socialização), incluindo aquelas de diferentes níveis hierárquico. É preciso também que elas tenham acesso ao conhecimento (chamado internalização) e armazenem conhecimento tácito (chamado externalização). Outro tipo de troca de conhecimento consiste em formalizar alguns conhecimentos explícito combinando com experiências baseadas em tal conhecimento (chamado combinação).
Os modelos de processo de negócio permitem uma visão integrada do conhecimento sobre o processo de negócio. Essa representação serve como referencial comum, padronizando linguagens e facilitando a interação entre diferentes profissionais envolvidos nesse processo de negócio.
Analisando estes conceitos pode-se verificar que potencialmente os modelos de referência podem ser utilizados para gestão do conhecimento, facilitando:
- A transformação do conhecimento tácito para explícito: por exemplo, o conhecimento inerente do engenheiro que está projetando uma máquina e no desenho de um componente específico sabe que a tolerância na medida de uma peça tem que ser acima da especificada. Estes conhecimentos adquiridos com a experiência podem ser verbalizados e armazenados na atividade do modelo a que se refere. Assim outras pessoas podem compartilhar, discutir e usar em outras atividades de outros modelos;
- A busca de conhecimento de maneira contextualizada: a facilidade de encontrar ou buscar o conhecimento. O conhecimento necessário para fazer, como no exemplo anterior, o desenho estaria acessível na atividade do modelo em que é necessário tal conhecimento;
- A combinação: é a forma de conversão do conhecimento que envolve diferentes conjuntos de conhecimento explícito, ou seja, o mecanismo de troca de conhecimento pode ser uma reunião, uma conversa ou acesso a um conhecimento armazenado num sistema. Isso torna possível a reconfiguração do conhecimento existente levando a um novo conhecimento. Seguindo o exemplo acima, imaginamos que o engenheiro fale de sua experiência com a confecção do desenho da peça específica numa reunião do projeto. Isto poderia gerar uma discussão entre os membros do projeto e chegarem a conclusão que aquela tolerância poderia ser usada em todas as peças similares do referido projeto;
- Outros benefícios: permite que o usuário analise o processo como um todo com a facilidade de “navegar” pelas atividades específicas em busca de conhecimentos explícitos que possam auxiliá-lo na condução de tal atividade; permite ainda que o conjunto de conhecimentos acumulados sirvam de base para construção de modelos específicos a um determinado produto ou área.
REFERÊNCIAS
VERNADAT, F. B. Enterprise Modeling and Integration: principles and applications. London: Chapman&Hall, 1996. p. 24
SCHEER, A.W. Architecture of integrated information systems. Berlin: Springer, 1992.
BARROSO, A. C. O.; GOMES, E. B. P. Tentando entender gestão do conhecimento.
Rio de Janeiro: Comissão Nacional de Energia Nuclear, 1999.
NONAKA, I., TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
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