A onda derrubou tudo?

No início de 2020, a perspectiva brasileira era boa. Após apresentar um crescimento tímido do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,1%, em 2019, o mercado projetava, de acordo com o Relatório Focus de 3 de janeiro, um crescimento de 2,30% para 2020. Paulo Guedes, ministro da Economia do Brasil, destacava que a economia brasileira estava prestes a “decolar”.
O que era um surto na cidade chinesa de Wuhan, logo se tornou uma pandemia sem precedentes – a onda. O mesmo relatório, do dia 26 junho deste ano, demonstrava toda a preocupação do mercado, projetando para o ano de 2020 um recuo da economia em 6,54% do PIB.
Contudo, a mesma oscilação não ocorreu quando analisamos, exclusivamente, no mesmo período, o PIB da Agropecuária, cujo mercado projetava um crescimento de 3,0% no início do ano e, em 26 de junho, mesmo um pouco menos otimista, o mercado ainda previa um crescimento de 2,23% em 2020.
Apresentar crescimento em um momento delicado como esse para a economia mundial é uma grande conquista. Dentre os setores que compõe o PIB da Agropecuário, destaca-se no interior do estado de São Paulo, o setor sucroenergético. Responsável por mais de 50% de toda a moagem de cana-de-açúcar do Brasil, de acordo com Observatório da Cana, o estado apresentou na safra 2019/2020 um crescimento na moagem de 3,12%, quando comparado com a safra 2018/2019, resultando na moagem de 343.750 mil toneladas.
Os reais impactos no setor, decorrentes da pandemia, poderão ser melhor analisados ao término da safra 2020/2021, porém, algumas mudanças já são percebidas. Entre elas destaca-se a mudança no mix de produção, com a ampliação da participação da produção de cana de açúcar, a qual foi fomentada por variáveis como valorização do dólar e a queda nos preços dos biocombustíveis.
Ao analisar os números acima sob o olhar de um apaixonado pelos relatórios financeiros, nota-se que a onda não conseguiu derrubar tudo.
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