O plantar nas cidades, agricultura urbana e fatores socioeconômicos

A agricultura urbana (AU) é utilizada como ferramenta para os desafios do constante processo de urbanização nos níveis econômicos, sociais e ambientais. Apesar de impulsionada pelo movimento ambientalista na década de 80, foi no final da década de 90 que AU ganhou atenção das políticas públicas em um contexto mundial como uma importante estratégia para segurança alimentar; nutricional e diminuição da pobreza por meio de geração de renda e empregos.
Um dos meios de produção dentro do conceito de agricultura urbana é a horticultura aplicada pelos projetos de construção de hortas comunitárias. Os conhecidos “vazios urbanos”, terrenos públicos ou particulares ociosos são revitalizados com canteiros de hortaliças e ampla diversidade de plantações manejadas pela comunidade.
No cenário brasileiro, as hortas comunitárias são promovidas por diferentes instituições e organizações, das quais destacam-se os governos federal, estadual e municipal, além da sociedade civil, academia e setor privado.
Essa atividade, considerando os benefícios de caráter econômico, é apontada pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) como instrumento para aproximar as pessoas de baixa renda do seu sustento e contribuir para geração de renda extra, nas quais, podem ser observadas de forma direta (comercialização) e indireta (autoconsumo) (FAO 2009).
A produção de alimentos nesses espaços tem como principal objetivo a segurança alimentar. De acordo com as pesquisas realizadas nas hortas comunitárias já existentes, observa-se mudança de hábito dos agricultores em relação a sua alimentação. Além de adquirirem hábitos mais saudáveis, o contato com a terra proporciona uma maior preocupação e consciência em consumir alimentos sem insumos químicos ou contaminantes biológicos; com a qualidade na utilização da água para irrigação e com o aproveitamento integral e o valor nutricional dos alimentos. Outro fator observado é a priorização de produzir o alimento da época e da região. Dessa forma, a pequena produção contribui para renda familiar, reduzindo os gastos com a alimentação e saúde.
De 60 a 85% dos agricultores urbanos – a depender da região do país – comercializam o excedente da sua produção. A comercialização, em sua maioria, ocorre no próprio local da horta, ou seja, o consumidor vai até o produtor para a compra. Isso é muito importante para os agricultores, pois não há custo com transporte, além de garantirem a qualidade do produto fresco colhido na hora. Com um bom valor de mercado, muitos agricultores estendem a sua venda para mercados e restaurantes locais. Outro meio de acesso ao consumidor são as feiras orgânicas e ecológicas e feiras livres. Além disso, é muito observada a troca e doação de alimento para a sua própria comunidade. (LOVO, SANTANDREU 2007)2
As hortas comunitárias não são um novo fenômeno nas cidades e atualmente são cada vez mais consideradas como ferramenta de gestão urbana para reduzir a pobreza, gastos com saúde pública e melhoria do espaço urbano. É também uma forma de trabalhar com o manejo ambiental, buscar a sustentabilidade urbana e promover melhoria na qualidade de vida do cidadão.
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