Transformação Digital? Onde estamos?

A transformação digital (TD) está entre as pautas mais discutidas na atualidade pelas empresas, sejam elas pequenas, médias ou grandes. Isso ocorre porque a TD tem modificado, na maioria das vezes, o modo pelo qual se faz negócios e se toma decisões no contexto empresarial. Hoje, com o uso das tecnologias digitais, é possível envolver toda a cadeia produtiva para o desenvolvimento de um produto, por exemplo. Ou gerenciar a infraestrutura de TI de uma empresa de modo econômico. E, em questão de segundos, colher uma quantidade imensa de dados contextualizados para uma tomada de decisão mais assertiva. Em contrapartida, isso exige das empresas uma série de requisitos.
Embora não haja um consenso sobre o conceito da TD, ela pode ser entendida como um processo de contínua renovação estratégica que utiliza avanços da tecnologia digital. A busca pelo consenso do termo não é o mais importante dessa questão. O que realmente importa, na prática, é que todas as partes interessadas de uma empresa comunguem dos mesmos objetivos e entendam que a TD é um processo contínuo que requer a posse e desenvolvimento de capacidades e recursos específicos.
A TD não é um processo qualquer, ou algo já experienciado pelas empresas, pelo contrário, é um processo que exige delas o desenvolvimento de um novo mindset ao fazer estratégia. Por isso a TD é um desafio. Ela não diz respeito somente à tecnologia, mas também uma mudança de concepção da forma de fazer negócio e se relacionar com todo o mercado. Em outras palavras, o uso das tecnologias digitais (big data, inteligência artificial, internet das coisas, mídias sociais e outras) não garantirá por si só a competitividade das empresas. Apesar do potencial de tais tecnologias, poucas empresas sabem como explorá-los e incorporá-los em suas estratégias. Por isso, é preciso que as empresas desenvolvam capacidades para explorar cada uma das tecnologias digitais.
Algumas pesquisas têm apresentado fatores importantes para a TD nas empresas. A cultura é um deles. Uma cultura que incentive a tomada de decisão baseada em dados e que garanta a troca e disseminação do conhecimento pode acelerar o processo da TD. Isso acontece porque a TD exige um ambiente interdisciplinar e propício para experimentação, em que todos entendam e se sintam parte do processo. Isso requer também um novo papel dos gestores, em incentivar todas as mudanças. Portanto, o “Passo 1” da TD reflete a vontade da gestão em transformar a maneira pela qual se cria valor para os mercados de atuação.
No contexto brasileiro, as empresas familiares parecem vislumbrar o caminho da TD, porém a passos curtos. Algumas ainda não estão no “Passo 1”. Segundo uma pesquisa da PWC, feita este ano, menos de 30% das empresas familiares brasileiras acreditam ter bons recursos e capacidades digitais. O mais agravante nesta questão é que o desenvolvimento dessas capacidades não está no topo das prioridades das empresas familiares brasileiras nos próximos dois anos. Salienta-se que negligenciar a transformação digital é arriscado e pode comprometer a sobrevivência e competitividade das empresas. Essa pesquisa ainda mostrou que as empresas que possuíam fortes recursos digitais tiveram crescimento no período pré-pandemia, em comparação com as empresas que não possuíam recursos digitais. Isso reforça a necessidade de recursos e capacidades para a TD.
Portanto, como mensagem final, e “Passo 2” da TD para as empresas, é recomendando que elas reconheçam suas próprias capacidades e recursos para entenderem seu estágio atual da TD e planejar a obtenção e desenvolvimento de novas capacidades. Tudo isso alinhado com seus propósitos. Portanto, planejamento, agilidade e adaptação são algumas palavras da vez.
Saiba mais:
Pwc. Pesquisa Global de Empresas Familiares 2021. 2021. Disponível em: https://www.pwc.com.br/pt/estudos/setores-atividade/pcs/2021/pesquisa-global-de-empresas-familiares-2021.html. Acesso em: 01 mar. 2021.
MATARAZZO, Michela et al. Digital transformation and customer value creation in Made in Italy SMEs: A dynamic capabilities perspective. Journal of Business Research, v. 123, p. 642-656, 2021.
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