Gestão em organizações da agricultura familiar: gargalos e potencialidades

Segundo o último Censo Agropecuário disponível – com referência no ano de 2017 – a agricultura familiar representava 77% dos estabelecimentos agropecuários do País, respondendo por 23% da área agrícola nacional. Além disso, foi responsável por parte considerável da produção de alimentos: 69% da produção nacional de mandioca, 22% de feijão, 12% de batata, 11% do arroz, 45% do plantel de aves e 31% dos bovinos.
A agricultura familiar ocupava 10,1 milhões de pessoas, o que correspondeu a 67% da mão de obra empregada na agricultura nacional. Somente no Estado de São Paulo, foram 281.535 pessoas, 33,7% dos empregos gerados nos campos paulistas. O Estado de São Paulo contabilizou 6.185 estabelecimentos agropecuários familiares com agroindústria rural, gerando um valor de produção de R$ 228,8 milhões, o que correspondeu a 32,5% do valor de produção do total de estabelecimentos com agroindústria no estado.
Apesar destes dados expressivos, a comercialização e distribuição se apresentam como um dos maiores gargalos da agricultura familiar. Ademais, vale destacar que o universo de empreendimentos rurais familiares é bastante heterogêneo.
Em um extremo, encontram-se algumas cooperativas/associações familiares estruturadas, compostas por inúmeros produtores, com elevada capacidade de processamento e agregação de valor aos produtos agropecuários. Por outro lado, inúmeras organizações familiares carecem de estrutura física, organizacional, de capital e gestão profissional. Tais organizações apresentam dificuldades, inclusive para acessar os mercados institucionais direcionados exclusivamente à agricultura familiar, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e a Lei 11.947/2009 que regulamenta o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
Nesse sentido, abre-se um campo considerável para estudantes, extensionistas e pesquisadores quanto à atuação que proporcione incrementos na gestão desses empreendimentos rurais familiares, levando em consideração o contexto dessas organizações. A citar-se, a elaboração de modelos e ferramentas de gestão de pessoas; a aplicação de ferramentas de marketing – aproveitando o apelo sustentável da produção agrícola familiar – desenvolvendo canais de divulgação e comercialização; a utilização de técnicas de administração financeira para análise da viabilidade econômica de projetos; dentre outras possibilidades de atuação.
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