Educação Financeira: a difusão da cultura financeira no Brasil

O percentual de famílias endividadas no país e, assim, com problemas relacionados aos usos da renda, é expressivo, como se observa pelos dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), conduzida mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Mesmo antes da crise econômica, do desemprego de aproximadamente 13% da população em idade de trabalhar e da perda parcial ou total de renda de trabalhadores e autônomos, consequências da pandemia da COVID-19, o nível de endividamento das famílias brasileiras já se mostrava um dado socioeconômico preocupante. O cenário se agravou significativamente ao longo de 2020. Conforme consta no relatório de análise anual da CNC, a média anual de famílias endividadas atingiu alarmantes 66,5%, o maior resultado de toda série histórica, registrando-se um aumento de 2,8 pontos percentuais em relação à média de 2019. Se por um lado este recorde se deu em razão de todas as consequências econômicas sobre as famílias geradas pela pandemia, por outro revela que em 2019 a média de 63,6% de famílias endividadas já indicava um grave quadro de desequilíbrio financeiro no orçamento de indivíduos e famílias. A inadimplência também se mostrou elevada em 2020, chegando a 25,5% de famílias com contas ou dívidas em atraso, um aumento de 1,5 ponto percentual em relação a 2019.
Diante deste cenário a Educação Financeira se mostra importantíssima e apresenta possibilidades concretas para o desenvolvimento de competências financeiras em um mundo com crescente oferta de produtos financeiros e modalidades de investimento.
A Educação Financeira se institucionalizou no Brasil em 2010 por meio do Decreto n. 7.397, o qual constituiu a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), atualizada em 2020 pelo Decreto n. 10.393, que também criou o Fórum Brasileiro de Educação Financeira. Foi criada a Semana de Educação Financeira (https://semanaenef.gov.br/), cuja 7ª edição ocorreu em novembro de 2020.
O Banco Central do Brasil (BACEN) mantém o “Portal da Cidadania Financeira” (https://www.bcb.gov.br/cidadaniafinanceira), que conta com uma série de materiais como cartilhas, vídeos e cursos online sobre temas relacionados às finanças pessoais, orçamento doméstico e familiar, endividamento e investimentos.
Atualmente, a expressiva maioria dos bancos oferece plataformas de acesso aberto ao público de conteúdos sobre Educação Financeira, com diversificada gama de materiais didáticos e cursos online, muitos com certificação. Destacam-se a “Escola Virtual” da Fundação Bradesco (https://www.ev.org.br/), os portais de Educação Financeira do Itaú (https://www.itau.com.br/educacao-financeira/), do Banco do Brasil (https://www.bb.com.br/pbb/pagina-inicial/voce/produtos-e-servicos/educacao-financeira#/) e da Caixa Econômica Federal (https://www.caixa.gov.br/educacao-financeira/Paginas/default.aspx), nos quais se encontram cartilhas, cursos online, jogos, livretos e outros materiais produzidos para o público infantil, para os jovens e adultos e também empreendedores iniciantes.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem um portal chamado “CVM Educacional” (http://cursos.cvm.gov.br/) e a Bolsa Brasil Balcão – B3 (antiga BOVESPA) disponibiliza o portal “Educação” (https://edu.b3.com.br/). Estas duas instituições oferecem ao público em geral a oportunidade de acesso a materiais instrucionais e cursos online sobre finanças pessoais, planejamento e orçamento financeiro e investimentos em renda fixa e renda variável.
O que se busca com estas ações é a difusão de uma cultura financeira, para que as pessoas possam se sentir confiantes em consumir de modo consciente, poupar parcela da renda (investir), prevenir-se de riscos e assegurar a aposentadoria com tranquilidade.
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