Por que empresas familiares buscam a internacionalização?

Negócios familiares representam uma das formas mais dominantes de negócios no mundo. Muitas dessas empresas estão envolvidas em negócios internacionais de forma direta ou indireta, pois a internacionalização pode ser compreendida como um dos elementos chaves para a continuidade ou mesmo para a revitalização do ciclo de vida das empresas familiares. Consequentemente, os estudos sobre a internacionalização desse segmento de empresas têm crescido significativamente nas últimas décadas. Mas por que as empresas familiares buscam a internacionalização?
Primeiramente, a perpetuidade dos negócios familiares depende da relação entre a família e a gestão, sendo elas independentes ou não. Nesse sentido, a internacionalização, baseada em operações além do mercado doméstico, assume um papel relevante principalmente porque, caso não seja efetivada até a segunda geração (que geralmente possui maior qualificação em termos de educação e experiência internacional em comparativo aos fundadores), dificilmente será implementada nas gerações seguintes. Logo, a internacionalização pode – e deve – ser analisada sob a perspectiva transgeracional, considerando as diferentes interações a partir das relações familiares.
Ao mesmo tempo, a internacionalização de empresas familiares lida com um paradoxo. Por um lado, negócios familiares tendem a ser mais conservativos e avessos ao risco, sendo a internacionalização uma alternativa marcada pela incerteza devido à ausência de informações de mercados externos, carência de recursos e capacidades como recursos financeiros, gerenciais, certificações e conhecimento. Por conseguinte, negócios familiares são considerados limitados em termos de velocidade do processo de internacionalização, assim como da diversidade de mercados a serem explorados, principalmente pela concentração da tomada de decisão nas mãos de um único ou de um grupo reduzido de gestores.
Por outro lado, mesmo com a internacionalização de empresas familiares sendo um processo complexo que incrementa o custo das transações, também pode resultar em inúmeros ganhos. Dentre esses ganhos, podem ser citados a expansão de mercados, crescimento de vendas, ganho de economias de escala, diversificação de riscos, aquisição de conhecimento e expansão de redes de relacionamento. Além disso, cada vez mais o potencial de inovação de empresas familiares tem sido associado ao grau de internacionalização de seus negócios.
Além disso, um efeito muito importante a partir da internacionalização de empresas familiares é o retorno que pode ser obtido no mercado doméstico. Nesse sentido, as empresas familiares tendem a se internacionalizar para mercados em que possuem algum tipo de relacionamento (ex. países próximos geograficamente, países de origem da família, países em que possuem fornecedores). Como consequência, o reconhecimento obtido a partir dos resultados da internacionalização podem implicar em um aumento da competitividade no mercado doméstico, criando barreira contra novos entrantes, melhorando sua reputação e exposição da marca, aprimorando estratégias de marketing e aumentando a qualidade de produtos e processos.
Portanto, a internacionalização de empresas familiares, por mais complexa que possa ser a partir da limitação de recursos que envolve esse segmento de negócio, tem se demonstrado válida não somente para a expansão da empresa, pois pode gerar inúmeros ganhos correlacionados com a sua atuação em outros países.
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