Reflexões sobre o endividamento

Utilizar recursos de terceiros nas empresas familiares sempre foi uma decisão bastante sensível. Os gestores mais antigos, que conseguiram sobreviver ao Brasil de inflação acima de dois dígitos, aprenderam que o endividamento acabava se transformando em um risco muito elevado. Isso acontecia, não só pela alta inflação, mas também pelos juros altos e o próprio risco do ambiente empresarial em sua alta volatilidade.
A modernização do sistema financeiro brasileiro, inflação de um dígito, aumento na oferta de crédito no mercado e, principalmente, as taxas de juros mais baixas, tem aumentado o endividamento das empresas familiares no Brasil. Desta forma, isso tem de um lado ajudado muitas empresas em seu crescimento e modernização e, de outro lado, trazido problemas, pelo uso inadequado dos recursos de terceiros no âmbito empresarial.
Aspectos importantes das estratégias de distribuição do lucro das empresas precisam ser considerados, em que muitas empresas distribuem somente uma pequena parte do lucro, optando pelo reinvestimento dos lucros na própria empresas. Outras empresas têm postura de distribuir a quase totalidade dos lucros via pró-labore, com um pequeno reinvestimento, optando pelo uso de recursos de terceiros para fortalecer os investimentos empresariais.
Conceitualmente não se deve esquecer que, para uma utilização saudável dos recursos de terceiros, algumas premissas básicas precisam ser respeitadas: a taxa de juros paga deve ser menor que a taxa interna de retorno do investimento no negócio e compatibilizar os prazos de pagamento com os saldos de caixa disponíveis em superávits.
A remuneração pelo uso do capital próprio nas empresas acontece pelo lucro obtido e sempre de maneira proporcional: quanto maior o lucro, maior o dividendo, e não existindo lucro não existe distribuição. O capital de terceiros utilizado como endividamento pelas empresas, de outro lado representa uma amortização fixa, proporcional ao juro contratado, e que representa um gasto fixo para a empresa, se tiver ou não lucro, os juros e amortizações, devem ser pagos.
Endividamento, então, representa-se como um gasto fixo e um aumento no ponto de equilíbrio da empresa, consequentemente aumenta o risco do negócio. Este aspecto deve estar sempre muito claro para os gestores, quando decidem utilizar recursos de terceiros nas empresas familiares.
Outros aspectos importantes ainda precisam ser considerados, tais como: investimentos em tecnologia, aumento na escala de produção, relação utilização entre capital x capital de terceiros, alavancagem operacional e financeira, etc.
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