O adoecimento do fundador e a empresa familiar

Há uns anos atrás orientei um trabalho de conclusão de curso, que acabou gerando a publicação de um artigo, a respeito de um caso em que o fundador de uma pequena empresa familiar havia adoecido de uma maneira repentina e grave e dessa forma se afastado inesperadamente da organização e posteriormente retornado ao trabalho. Ter orientado esse tema me chamou a atenção sobre a questão da importância de se falar da saúde e do adoecimento nas empresas não só em relação ao aspecto dos funcionários, o que já é de uma certa forma mais estudado, mas também em relação aos empreendedores e fundadores/dirigentes de empresas familiares.
Os dirigentes de pequenas empresas familiares exercem um grande número de funções e atividades e muitas vezes possuem dificuldades de descentralizá-las, assumindo muitas responsabilidades e riscos. Dessa forma eles se submetem a um grande nível de stress mental e até mesmo físico, o que tende a contribuir para o seu adoecimento e afastá-lo de forma definitiva ou temporária da empresa, podendo provocar dificuldades de gestão, pois as atividades e decisões estavam centralizadas nas mãos do fundador, e até mesmo perda de recursos financeiros.
O adoecimento e afastamento do fundador pode acabar tendo alguns efeitos positivos, quando gera uma reflexão desse em relação à importância do cuidado com a saúde e também da sua própria finitude. Assim ele pode passar a praticar atividades físicas, mudar a alimentação e também mudar a forma de gestão de sua organização, descentralizando atividades e responsabilidades, realizar a preparação do processo sucessório, pensar em questões que busquem profissionalizar a organização etc, que foi o que ocorreu no caso do TCC que eu orientei. Porém, tais efeitos surgem por meio de ações reativas, que só acontecem porque o fundador chegou ao ponto de adoecer ao invés de ações que poderiam ter sido tomadas preventivamente e contribuído para que ele não ficasse doente.
Portanto chamo aqui a atenção para o quanto é fundamental conscientizar os dirigentes de empresas familiares da importância da saúde mental e física, do pensar a qualidade de vida e também de desmistificar a ideia do “dirigente herói”, que cuida de tudo e de todos, que assume todas as responsabilidades, e que acaba não tendo vida além da empresa.
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